Um episódio bem demonstrativo deste ódio visceral é o da célebre invasão das baratas radioactivas de Madagáscar. Em 1974, os investigadores do laboratório militar de Natick, nos Estados Unidos, decidiram livrar-se das baratas de Madagáscar que tinham utilizado como cobaias em experiências científicas e despejaram-nas numa lixeira local. Com a chegada do Inverno, legiões desses bichos migraram para as zonas residenciais mais próximas, que cedo ficaram a ser conhecidas como o bairro das baratas. Além de resistentes aos insecticidas comuns, as baratas eram enormes. Um dos residentes conta como dois desses bichos, cada um com cerca de dez centímetros de comprimento, saltaram de dentro da caixa de cereais directamente para a mesa de jantar. Face às reacções enfurecidas dos populares, o Exército recorreu então à utilização maciça de químicos como o DDT, cujos efeitos nocivos ainda hoje são sentidos.
A realidade, porém, é que a barata não é feia nem suja. Tal como a generalidade dos insectos, ela é um animal escrupuloso no que concerne à sua higiene pessoal, de modo a que os filamentos no seu exterior possam estar aptos à detecção de alimentos, água ou perigos. Existem cerca de 3000 espécies de baratas e apenas dez são consideradas pragas pela Organização Mundial de Saúde; todas as restantes são membros bem-vindos da biodiversidade do nosso planeta.
Aliás, os seres humanos devem imenso às baratas. Na literatura, elas foram as musas de alguns dos maiores génios de sempre, como William Burroughs. Na linguagem, inspiraram algumas das nossas expressões mais coloridas: fala-se de ‘barata tonta’ a respeito da pessoa desnorteada, sem organização nem serenidade para fazer as coisas, ou de ‘entregue às baratas’ para significar não receber, ou dar a si próprio, a devida atenção ou os cuidados necessários («deprimido, passou o dia entregue às baratas»). Na investigação científica, estudiosos da Universidade de Tóquio preparam baratas controladas à distância que permitirão, entre outros usos, salvar vítimas soterradas por derrocadas ou terramotos.
No campo da medicina, os serviços da barata à humanidade são inestimáveis. Já na Grécia Antiga, os curandeiros indicavam um composto de entranhas de barata e óleo de rosas para as infecções dos ouvidos. Na China, baratas secas eram usadas no tratamento de doenças do foro intestinal. Em 1886, uma edição do New York Tribune dava conta do uso do chá de barata no tratamento do tétano. Mais recentemente, o lendário músico Louis Armstrong contava como na sua infância lhe eram servidos caldos com baratas cozidas de cada vez que adoecia, o que muitos julgam que poderá estar na origem da característica rouquidão da sua voz.
4 comentários:
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seu texto é muito bom. é incrível a fama que as baratas ganharam ao longo dos anos e como as pessoas se contorcem só de ouvir seu nome, sem que elas tenham feito muita coisa para merecer isso...
Vc ainda pode modificar o texto? Se for falar em ordem, as baratas são da ordem Blattodea.
Parabéns!
Obrigado pelo comentário e pela correcção, Inês. Beijinhos!
E por que você não toma chá de barata então, se cura até tétano? Tsc tsc... O fato de alguns ignorantes no passado fazerem chá com isso, nem o fato dessa palavra aparecer na literatura, vai tornar esse bicho asqueroso realmente útil a humanidade. Ou esse texto é humorístico, e eu levei a sério?
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