2004-10-10

Algumas banalidades a propósito do caso Marcelo

Conheci pessoalmente Marcelo Rebelo de Sousa aquando da minha passagem pela Faculdade de Direito de Lisboa e guardo impressões ambíguas a respeito do multifacetado professor. Aqui, há que fazer distinções. O Marcelo-pessoa é um ser cordato, afável, educado e generoso, que se dá bem com toda a gente. O Marcelo-docente, sábio e íntegro, é unanimemente adorado por todos: não é por acaso que os alunos enchem todo o amplo Anfiteatro 1 da Faculdade durante as suas aulas teóricas. Já o Marcelo-comentador, apesar da extensão do seu saber, é demasiado comprometido para o meu gosto e até falho de algum bom senso: por exemplo, a respeito do escândalo da Casa Pia, foi sempre um apoiante declarado de Souto Moura (excepção feita ao escândalo das cassetes) e demasiado brando na apreciação dos dislates do juiz Rui Teixeira. Mesmo assim, sou daqueles que lamentam o seu afastamento da tribuna do Jornal Nacional da TVI.

E que se pode dizer a respeito deste caso Marcelo? Algumas conclusões foram tão óbvias e regurgitadas tantas vezes que já se converteram em banalidades: que não estamos apenas perante uma inocente questão interna na vida de uma empresa privada; que Santana Lopes deve um pedido de desculpas ao país; e que, ao contrário do que afirmou Luís Filipe Menezes, não houve nenhum exagero da parte de Marcelo, pois nenhuma outra saída restava a uma pessoa digna e livre. Se algum mérito tudo isto teve, terá sido apenas o de inspirar algumas das palavras mais eloquentes dos nossos melhores comentadores. Pacheco Pereira escreveu que «calar Marcelo seria um atentado efectivo à liberdade de expressão no seu conjunto e um péssimo sinal para a saúde da nossa democracia». Eduardo Prado Coelho afirmou que «não basta ser-se do partido do Governo, é preciso aparecer como porta-voz do pensamento do Governo. O que a médio prazo pode levar à esquizofrenia, dado que o Governo tem em si pensamentos diversos, e o próprio Santana Lopes pensa coisas diferentes no mesmo dia (o que mostra como é um espaço de liberdade e pluralismo)». Na blogosfera, podemos ler outras opiniões acertadas aqui, aqui e aqui.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não concordo com o que dizes mas lutarei com todas as minhas forças para que o possas dizer.

Já não me lembro quem disse isto mas é o que eu digo quanto ao caso Marcelo Rebelo de Sousa.

Anónimo disse...

Quem sabe, sabe...
Eu nunca vi o senhor a nâo ser na TV.Não tenho opinião...
(já lhe respondi !)
Valeria

Flávio disse...

Obrigado pela sua sabedoria e pelo seu bom senso, Raio. Concordemos ou não com o Professor, todos nós, que prezamos a liberdade, devemos estar seriamente preocupados. Infelizmente, o nosso José Saramago parece ter cada vez mais razão quando afirmou que o 25 de Abril acabou.

Obrigado também à Valéria, mais a sua infinita paciência para comigo e as minhas questões!

Anónimo disse...

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