2006-09-04

Veritas Iustitia Libertas

Estou aqui a olhar para um boné da Universidade Livre de Berlim, no qual se pode ler Veritas Iustitia Libertas. São valores que guiam não só esse formoso estabelecimento de ensino, mas também a existência de toda esta gente de Berlim. O segredo da prosperidade da capital alemã reside precisamente aí: nos princípios e na rigidez com que os berlinenses se atêem a eles. E ainda que essa rigidez prussiana possa provocar sorrisos de escárnio entre alguns estrangeiros mais distraídos, é ela, na verdade, que faz de Berlim a grandiosa cidade que é hoje. Não é a política nem a economia ou o futebol, mas a força dos princípios. Um exemplo expressivo é-nos contado pelo historiador Jean Marabini: no final da Segunda Grande Guerra e apesar de todas as carências, não houve pilhagens em Berlim, porque semelhante coisa, diz Marabini, seria «contrária ao espírito alemão» (sic). Se isto não é prova de carácter, então eu não sei o que será.

3 comentários:

BÓLICE disse...

Sem dúvida, ora vamos lá a ver!

intÉ

Sandman disse...

Boa história... reveladora de uma força de carácter rara nos dias de hoje. Actualmente essas frases servem mais como retórica vazia de expressão, do que modelos de conduta propriamente ditos.

(ah! e finalmente um post que consigo ler sem ter de recorrer à ferramenta de idiomas. Nem imaginas como ficam hilários os textos em alemão depois de passarem pelo Babelfish...)

Já sentia falta, continua, continua. Descreve as experiências entre os amigos boches (no offense intended), traça-nos o retrato invisível da cidade, do povo, do país, da alma.

Flávio disse...

A minha impressão dos boches é esta: acho que são gente hiper-sensível. São simpáticos, cultos, trabalhadores e pontuais, mas sensíveis ao inverosímil. Toda a delicadeza é pouca quando se lida com eles: a mais pequena sugestão de crítica a esta terra e o semblante carrega-se. Reagem pessimamente quando digo que a língua alemã é difícil, mas já o posso fazer se acrescentar que também é 'muito interessante'. E, claro está, o holocausto é assunto tabu por estas bandas, ainda hoje.

O meu conselho ao visitante da Alemanha é este: cuidado com o que diz e, se quiser conquistar a confiança de um local, nada como convidá-lo para um copo. Logo aos primeiros vapores do álcool, toda a frieza germânica desaparece e o coração do alemão escancara-se à nossa frente.