Meine Lieblingsstücke vom Mosaik Carlos Sauras: Caetano Veloso, Ricardo Ribeiro und die Nonchalance von Argentina Santos.
As minhas peças preferidas do mosaico de Carlos Saura: Caetano Veloso, Ricardo Ribeiro e a nonchalance de Argentina Santos.
2007-10-30
2007-10-29
Herman José & Cicciolina
«LOUCURA!
Cicciolina pôs Lisboa em alvoroço. Mostrou tudo – e ainda se deu ao luxo de entrevistar Herman José, em rigoroso exclusivo para o Tal & Qual
CHEGOU, MOSTROU, VENCEU!
Cicciolina não conseguiu resistir à tentação: apanhando Herman José ao jantar, na passada quarta-feira (e sabedora da sua fama de homem sem papas na língua), apressou-se a 'assaltar' o popular cómico com uma catadupa de perguntas indiscretas. O repórter do Tal & Qual estava mesmo ao lado – e registou o impagável diálogo, em rigoroso exclusivo…
Cicciolina – Alguma vez pensou em seguir uma carreira política, como eu? Por que foi que não o fez?
Herman – De brincadeira, já pensei. Mas meter-me nisso por brincadeira já nem seria original. É claro que a última grande ambição de quem intervém na vida pública, como um actor faz, acaba por ter um certo fundo político. Mas não tenho jeito para essas coisas. Nem sequer alguma vez fui membro de um partido político! Não, não: sou muito volúvel. Odeio associações de qualquer espécie…
Cicciolina – Imagine que era italiano. Teria votado em mim, nas últimas eleições?
Herman – Sim, senhora. Primeiro, para irritar a massa grande e cinzenta que odeia este tipo de coisas que escapam ao seu conservadorismo. Depois, porque penso que não teria coragem para deixar de apoiar uma cara tão bonita e uma figura de pulso tão frágil…
Cicciolina – Quem é que acha que é hoje mais popular em Portugal: você ou eu?
Herman – Você. Ah, mas eu sou muito mais sexy…
Cicciolina – Já viu algum show erótico ao vivo? Não ficou sexualmente excitado?
Herman – Ao vivo, nunca: só em videocassette. Mas devo confessar que, nas alturas próprias, dá muito resultado!
Cicciolina – Que alturas?
Herman – Quando apetece induzir um ambiente de lascividade e pecado… Devo mesmo declarar que uma boa cassetezinha ajuda sempre, como quem não quer a coisa.
Cicciolina – Se eu o convidasse para ir a Roma fazer um espectáculo erótico, em que mostrasse todo o seu corpo – ia?
Herman – Não, não ia. Estou muito gordo, sabe. E, depois, o meu talento oculto não é igual ao outro. Quero dizer: não me atrevia!
Cicciolina – Quantas mulheres levou para a cama, ao longo da sua vida? E homens?
Herman – Senhoras, bastantes. Mas só me lembro de duas ou três, as que valeram a pena. Homens, alguns, mas só para dormir. Tenho um grande carinho pelos meus amigos, mas não quer dizer que faça sexo com eles.
Cicciolina – Qual foi a noite (privada, claro) mais feliz da sua vida?
Herman – Ainda está para vir, espero!
Cicciolina – Usa preservativos?
Herman – Não. Fazer amor com preservativos é, para mim, como o mesmo que obrigar a Maria João Pires a tocar piano com luvas calçadas; é como comer um bife dentro de um saco de plástico; como ir à praia do Guincho com máscara de oxigénio.
Cicciolina – Se eu lhe sugerisse agora que viesse comigo à casa de banho para me ajudar a retocar o rimmel – você aproveitava para me apalpar?...
Herman – Pode não acreditar, mas aproveitava para falar consigo de política…
Cicciolina – Acha que era capaz de viver com uma pessoa tão 'transgressora' como eu?
Herman – Eu acho que morria de ciúmes!
Cicciolina – Não me diga que é ciumento…
Herman – A menina nem imagina!
Cicciolina – E quando eu voltar a Lisboa – vai-me buscar de Rolls-Royce?
Herman – Nessa altura, eu espero é ter dinheiro para lhe oferecer um…»
(in Tal & Qual nº 387, 20 a 26 de Novembro de 1987, págs. 1, 9 e 10)
Cicciolina pôs Lisboa em alvoroço. Mostrou tudo – e ainda se deu ao luxo de entrevistar Herman José, em rigoroso exclusivo para o Tal & Qual
CHEGOU, MOSTROU, VENCEU!
Cicciolina não conseguiu resistir à tentação: apanhando Herman José ao jantar, na passada quarta-feira (e sabedora da sua fama de homem sem papas na língua), apressou-se a 'assaltar' o popular cómico com uma catadupa de perguntas indiscretas. O repórter do Tal & Qual estava mesmo ao lado – e registou o impagável diálogo, em rigoroso exclusivo…
Cicciolina – Alguma vez pensou em seguir uma carreira política, como eu? Por que foi que não o fez?
Herman – De brincadeira, já pensei. Mas meter-me nisso por brincadeira já nem seria original. É claro que a última grande ambição de quem intervém na vida pública, como um actor faz, acaba por ter um certo fundo político. Mas não tenho jeito para essas coisas. Nem sequer alguma vez fui membro de um partido político! Não, não: sou muito volúvel. Odeio associações de qualquer espécie…
Cicciolina – Imagine que era italiano. Teria votado em mim, nas últimas eleições?
Herman – Sim, senhora. Primeiro, para irritar a massa grande e cinzenta que odeia este tipo de coisas que escapam ao seu conservadorismo. Depois, porque penso que não teria coragem para deixar de apoiar uma cara tão bonita e uma figura de pulso tão frágil…
Cicciolina – Quem é que acha que é hoje mais popular em Portugal: você ou eu?
Herman – Você. Ah, mas eu sou muito mais sexy…
Cicciolina – Já viu algum show erótico ao vivo? Não ficou sexualmente excitado?
Herman – Ao vivo, nunca: só em videocassette. Mas devo confessar que, nas alturas próprias, dá muito resultado!
Cicciolina – Que alturas?
Herman – Quando apetece induzir um ambiente de lascividade e pecado… Devo mesmo declarar que uma boa cassetezinha ajuda sempre, como quem não quer a coisa.
Cicciolina – Se eu o convidasse para ir a Roma fazer um espectáculo erótico, em que mostrasse todo o seu corpo – ia?
Herman – Não, não ia. Estou muito gordo, sabe. E, depois, o meu talento oculto não é igual ao outro. Quero dizer: não me atrevia!
Cicciolina – Quantas mulheres levou para a cama, ao longo da sua vida? E homens?
Herman – Senhoras, bastantes. Mas só me lembro de duas ou três, as que valeram a pena. Homens, alguns, mas só para dormir. Tenho um grande carinho pelos meus amigos, mas não quer dizer que faça sexo com eles.
Cicciolina – Qual foi a noite (privada, claro) mais feliz da sua vida?
Herman – Ainda está para vir, espero!
Cicciolina – Usa preservativos?
Herman – Não. Fazer amor com preservativos é, para mim, como o mesmo que obrigar a Maria João Pires a tocar piano com luvas calçadas; é como comer um bife dentro de um saco de plástico; como ir à praia do Guincho com máscara de oxigénio.
Cicciolina – Se eu lhe sugerisse agora que viesse comigo à casa de banho para me ajudar a retocar o rimmel – você aproveitava para me apalpar?...
Herman – Pode não acreditar, mas aproveitava para falar consigo de política…
Cicciolina – Acha que era capaz de viver com uma pessoa tão 'transgressora' como eu?
Herman – Eu acho que morria de ciúmes!
Cicciolina – Não me diga que é ciumento…
Herman – A menina nem imagina!
Cicciolina – E quando eu voltar a Lisboa – vai-me buscar de Rolls-Royce?
Herman – Nessa altura, eu espero é ter dinheiro para lhe oferecer um…»
(in Tal & Qual nº 387, 20 a 26 de Novembro de 1987, págs. 1, 9 e 10)
2007-10-25
Marie Antoinette (ii)
Marie Antoinette (2006), de Sofia Coppola, é um filme que se ouve com enorme prazer. As escolhas musicais da jovem realizadora, agradavelmente suspensas entre a erudição e a popularidade, são arrojadas e originais. A par das composições barrocas de Jean-Philippe Rameau, François Couperin e Antonio Vivaldi, figuram canções de bandas como New Order, The Cure, Siouxsie and the Banshees e Bow Wow Wow, além de temas de The Strokes, Aphex Twin e The Radio Dept. É difícil situar uma banda sonora destas na vasta geografia das relações entre música e cinema.
A música de um filme acompanha a quase totalidade das suas sequências, mas não deveria suscitar uma atenção consciente do espectador. A sua escrita e os modos de surgimento contribuiriam para esse apagamento ou diluição. Nisto consiste um dos dogmas mais sagrados do classicismo de Hollywood. A grande audácia da banda sonora de Marie Antoinette está precisamente na notoriedade. A sua música constitui uma obra à parte, um segundo filme dentro do filme ao qual ninguém fica indiferente.
As transgressões de Sofia Coppola não se ficam pelas opções musicais. São vários e plenamente assumidos os casos de pormenores anacrónicos e inexactidões históricas: a sequência do baile de máscaras é filmada na Ópera de Paris, que só abriu as portas em 1875, mais de 80 anos após a morte de Marie Antoinette; só são mostrados três filhos do casal real, quando na realidade eram quatro; e numa das cenas mais comentadas do filme, a protagonista calça um par de sapatilhas Converse. A respeito das famosas sapatilhas, a realizadora reiterou que a sua inclusão foi propositada e disse que pretendia mostrar Marie Antoinette como uma adolescente normal, independentemente da época histórica.
As observações de Sofia Coppola apontam ao intérprete o caminho a seguir. As liberdades poéticas afastam o filme do sistema gravitacional dos filmes históricos e impelem-no para a órbita do que poderíamos descrever como o correspondente cinematográfico do romance de formação, o Bildungsfilm: uma obra que acompanha a evolução de um protagonista em confronto com as influências do meio exterior. Porém, também aqui Coppola é original. Se os homens protagonizavam os tradicionais romances de formação, já a perspectiva dominante no filme é a de uma mulher jovem, fascinante e encantadora.
2007-10-23
2007-10-22
Há Lodo no Cais
A arte de dizer mal bem: Há Lodo no Cais, dos mordazes José António Galvão e Susana Marques Esteves.
2007-10-17
2007-10-16
Frankfurt 2007 (ii)
2007-10-11
Bur(r)ocracia (iii)
Os nomeados da semana são os funcionários do complexo desportivo do Sporting Clube de Portugal que dizem que o contrato tem um prazo apesar de o dito contrato dizer que não tem prazo. Mireille est morte, pourtant elle est vivante. Eis o Sporting.
2007-10-05
Vasco Pulido Valente
Parece que o Vasco Pulido Valente não gostou muito do filme As Vidas dos Outros. O senhor acha que se trata de «um melodrama de intelectual adolescente, sem vestígio de imaginação e originalidade» e acrescenta, com aquele tom de permanente enjoo que todos lhe reconhecemos, que «como filme nem se quer [sic] valia a pena falar dele» (in Revista Atlântico, Outubro 2007). Porém, mais valia que tivesse ficado calado. O texto do Valente é superficial, grosseiro, inábil, tendencioso e estúpido e demonstra um desconhecimento clamoroso dos processos históricos. Como texto, nem sequer valia a pena falar dele. Além do cliché já desgastado da suposta americanização do filme, toda a argumentação do Valente se resume, na verdade, a duas únicas ideias: a «implausível metamorfose de Wiesler» e a instrumentalização da Stasi pelo ministro da Cultura.
A descrição que o Vasco Pulido Valente faz da actuação do ministro está errada. Não é dele que parte a iniciativa de escutar o dramaturgo, mas do próprio capitão da Stasi, cujo requerimento é posteriormente ratificado pelos superiores. Isto significa que escapou ao Valente um pormenor fundamental e uma das ironias mais subtis do filme: é o próprio Wiesler que inicia o longo processo da sua infâmia e destruição. E quando o Valente critica a suposta inverosimilhança da sua conversão, subestima o significado da música para um povo como o alemão. A relação dos alemães com o mundo é, disse-o Thomas Mann, musical. E porque a música «é de todas as artes a mais afastada da realidade e simultaneamente a mais apaixonada, é abstracta e mística», a conversão de Wiesler assume os contornos de uma experiência mística: o momento fugaz de revelação de uma verdade, cuja natureza é inefável e desafia as explicações racionais. O caso de Wiesler não é, aliás, inédito: alguns nazis, comovidos pela música, também pouparam as suas vítimas. Foi o que sucedeu com Wladyslaw Szpilman (que inspirou outro filme admirável, O Pianista, de Roman Polanski) e com o compositor Berthold Goldschmidt.
A descrição que o Vasco Pulido Valente faz da actuação do ministro está errada. Não é dele que parte a iniciativa de escutar o dramaturgo, mas do próprio capitão da Stasi, cujo requerimento é posteriormente ratificado pelos superiores. Isto significa que escapou ao Valente um pormenor fundamental e uma das ironias mais subtis do filme: é o próprio Wiesler que inicia o longo processo da sua infâmia e destruição. E quando o Valente critica a suposta inverosimilhança da sua conversão, subestima o significado da música para um povo como o alemão. A relação dos alemães com o mundo é, disse-o Thomas Mann, musical. E porque a música «é de todas as artes a mais afastada da realidade e simultaneamente a mais apaixonada, é abstracta e mística», a conversão de Wiesler assume os contornos de uma experiência mística: o momento fugaz de revelação de uma verdade, cuja natureza é inefável e desafia as explicações racionais. O caso de Wiesler não é, aliás, inédito: alguns nazis, comovidos pela música, também pouparam as suas vítimas. Foi o que sucedeu com Wladyslaw Szpilman (que inspirou outro filme admirável, O Pianista, de Roman Polanski) e com o compositor Berthold Goldschmidt.
2007-10-04
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