«Basta a ver as reacções do nosso povo diante dos grandes crimes, a que os jornais dão proporções escusadas. O primeiro movimento é de violência, de rancor, quase de ódio contra o criminoso, contra os seus maus instintos, contra a fera, etc., etc. Mas o assassino é julgado e há sempre uma figura humana que aparece na teia, ao seu lado: a companheira dedicada, a mãe velhinha, o filho abandonado… E logo se sente uma reviravolta, um movimento de compaixão na opinião pública: ‘Coitado! Pobre homem! Bem basta o que já sofreu…’ E quando é lida a sentença, quando a pena é justa mas grande, sente-se de novo, nas entrelinhas dos jornais, nos rumores do público, um movimento de violência, de rancor, quase de ódio, mas contra os juízes, contra a justiça…»
(in António Ferro: Salazar, o Homem e a Sua Obra, p. 78)
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