2006-11-11

Strange Magazine

Se é misterioso e fascinante, está no sítio strangemag.com.

Wenn es mysteriös und faszinierend ist, steht es auf der Internetseite strangemag.com.

2006-11-08

Mister Orange


aqui falámos do extraordinário Mister Pink, mas há outro Reservoir Dog que é igualmente complexo e fascinante: o Mister Orange. É ele o polícia infiltrado no grupo de criminosos e o grande responsável pelo fiasco do assalto. Porém, não é nenhum herói. Ainda que as suas intenções sejam legítimas, os meios que ele utiliza são, no mínimo, discutíveis: ninguém gosta de um bufo, seja em que circunstância for. Mas o que mais tem incomodado alguns espectadores é a confissão final do Mister Orange: se ele tivesse mantido a boca fechada, teria escapado com vida. Contudo, fez a opção menos razoável e assinou voluntariamente a sua sentença de morte.

Não só não existe qualquer incongruência na confissão do Mister Orange, como ela é, bem pelo contrário, o momento mais admirável e inesquecível do filme. Para a compreendermos, temos de ter presente a verdadeira natureza do trabalho de Mister Orange: ele é um agente infiltrado, um polícia que, assumindo uma identidade falsa, é introduzido dentro de uma organização criminosa. Em suma, ele é um actor. O filme di-lo expressamente: «Um polícia infiltrado tem de ser o Marlon Brando. Para fazeres este trabalho, tens de ser um grande actor. Tens de ser o mais natural possível. Porque, caso contrário, és um mau profissional e acabas por estragar tudo.»

Todo o magnífico segmento dedicado ao Mister Orange é o registo do processo da aprendizagem de um actor. Numa fase inicial, ele é um caloiro receoso e as suas preocupações (memorização das falas, criação de emoção, medo do palco) são comuns a todos os actores principiantes. Cabe a Holdaway, o seu superior negro, a condução do seu treino. É particularmente importante a ênfase que ele coloca nos pormenores, mesmo os mais insignificantes, porque um actor deve compreender não só o que diz, mas tudo o que acontece no guião. É isso que permitirá a Mister Orange contar convincentemente a história da retrete e ser incluído no grupo de assaltantes.

A confissão do Mister Orange é a grande consagração da sua carreira. O seu trabalho é uma autêntica experiência: ele já não é apenas um actor, mas uma pessoa real que respira no palco do grande armazém. Quando ouvimos as suas derradeiras palavras, não é verdadeiramente o polícia que as profere, mas sim um criminoso que interiorizou plenamente o código de valores da sua gente. É um final dramático, em todos os sentidos.

Rui Rio

O Porto já não é uma nação, mas a república das bananas: Rui Rio acaba com todos os subsídios pecuniários a fundo perdido atribuídos pela sua edilidade à cultura.

2006-11-03

Chuva

Ainda bem, para regar os campos de morangos para sempre.