2007-03-25

Cine 7

A nossa querida Isabel Fernandes convidou-me para colaborar com o melhor blogue português de cinema: o Cine 7. Eu, obviamente, não me fiz rogado.

2007-03-17

Lola rennt


O filme Lola rennt (1998) foi inspirado pela ciência do caos. O crítico Jürgen Müller assinalou-o com toda a argúcia, ao escrever que a famosa obra-prima do alemão Tom Tykwer «é um filme filosófico, uma ilustração da teoria do caos, um jogo com o que aconteceria se…». Isto faz de Lola rennt uma obra em plena sintonia com o nosso tempo, porque o estudo do lado irregular do universo já é uma conquista consolidada do pensamento científico. Mas há uma vantagem do caos relativamente às outras duas grandes revoluções das ciências físicas do século XX – a relatividade e a mecânica quântica – que o torna tão apetecível para um cineasta: a sua escala humana. A física tradicional afastou-se demasiado do mundo reconhecível pelo homem, mas a teoria do caos aplica-se a objectos do quotidiano que todos nós podemos ver e tocar.

Um dos elementos principais do movimento caótico é o chamado efeito borboleta. O simples batimento de asas de uma borboleta pode pôr em movimento uma série de alterações na atmosfera que conduzam à formação de um tornado. Ou seja, pequenas variações da condição inicial de um sistema dinâmico podem produzir alterações drásticas no comportamento de todo esse sistema. Tom Tykwer propõe-nos um modelo que tem o interesse acrescido de utilizar pessoas de carne e osso. Na nossa vida, tal como na ciência, uma sequência de acontecimentos pode ter um ponto crítico capaz de ampliar as pequenas alterações. Mas o caos significa que esses pontos estão por todo o lado: «Todos os dias, a cada segundo, podes tomar uma decisão que mudará para sempre a tua vida», escreve Tykwer.

O conjunto dos rumos de vida possíveis é uma espécie de árvore de decisão vital e Lola rennt permite que vislumbremos alguns dos seus ramos. O filme divide-se em três realidades possíveis e da junção das três salta à vista como pequenas perturbações num ponto qualquer da árvore da decisão vão abrindo brechas cada vez mais profundas entre os diversos rumos vitais praticáveis: uma viagem de metro, uma ida ao banco ou um telefonema podem significar a diferença entre a vida e a morte para os protagonistas. Mas qual dessas realidades é a real: apenas uma, todas ou nenhuma? Um filósofo como Jean-Paul Sartre diria que a existência de uma pessoa se reduz ao itinerário que percorre, pois nós somos apenas o conjunto dos nossos actos. Mas esta visão das coisas é demasiado restritiva. Talvez sejamos feitos em igual medida daquilo que fomos e do que poderíamos ter sido, como afirma o próprio Tykwer: «Para mim, Lola rennt é uma viagem contínua, em que o mais importante é que o espectador sinta que a Lola viveu efectivamente as diversas possibilidades que são mostradas no filme».

2007-03-16

Famafest 2007

Let's look at the festival: Famafest 2007, uma excelente iniciativa do Lauro António e outros teimosos.

2007-03-04

Peter O'Toole

Os novos critérios para a atribuição de um óscar, segundo o blogue A Sexta Coluna: a taxa de alcoolemia no sangue e as manchas de fígado.